sábado, março 24, 2007

Caminhada até Viena - 20 anos (IV)

Brondby-FCPorto – 2ª Mão

O FCP prepara-se para jogar a segunda mão dos quartos-de-final da Taça dos Campeões Europeus com o Brondby. No fim-de-semana anterior disse praticamente adeus ao título ao perder em Portimão por 1-0, enquanto o Benfica vencia em Guimarães por 2-1. Quatro pontos separam agora os dois primeiros, numa altura, lembre-se, que a vitória vale 2 pontos. Missão quase impossível. Daí que este jogo na Dinamarca assuma importância fundamental na tentativa de salvar a época.

Em relação à primeira mão, Artur Jorge faz quatro modificações no 11. Saem Zé Beto, Eduardo Luís, Laureta e Madjer, entrando Mlynarczyck (após 2 meses ausente por lesão) Lima Pereira, Inácio e Casagrande, respectivamente.

Aos 15 minutos, a lesão de Casagrande revelar-se-á decisiva para o desenrolar do jogo, uma vez que dará lugar à entrada de Juary, o marcador do golo do empate. Frasco e Quim ficam impedidos de jogar a primeira mão das meias-finais em virtude do 2º amarelo que levaram hoje. Casagrande também será baixa, uma vez que a sua lesão se revela bastante grave: rotura de ligamentos no tornozelo e fractura do perónio. Todos os jornais desportivos destacam a arbitragem demasiado caseira do árbitro.

Às 2 e 15 da madrugada, o avião aterra no Aeroporto de Pedras Rubras, onde algumas centenas de adeptos esperam a comitiva em clima de grande euforia. É a primeira vez que o clube atinge as meias-finais da Taça dos Clubes Campeões Europeus. E nesta fase, há três hipóteses, qual delas a pior: Bayern de Munique, Real Madrid e Dínamo de Kiev.


Ficha do jogo:

Kobenhavns Idratspark, 18/03/87
Árbirtro: Lajos Nemeth (Hungria)

FCP: Zé Beto, João Pinto, Lima Pereira, Celso e Inácio; Frasco, André e Quim; Casagrande, Gomes e Futre.
Subs: Casagrande por Juary (14mins), Frasco por Eduardo Luís (74 mins)

Brondby: Schmeichel; Madsen, Olsen, Kent Nielsen e Ostergaard; Steefensen, Bjorne Jensen, Henrik Jensen e John Jensen; Claus Nielsen e Vilfort.
Subs: Bjorn Jensen por Bryan Laudrup e H. Jensen por Tommy Christiensen (aos 72 mins)

Amarelos: Frasco, Quim e Madsen.
Golos: Steffensen (36 mins) e Juary (69 mins)

Decrição do golo de Juary pelo Record: "Quim lançou Juary em profundidade, o brasileiro bateu Olsen em corrida, isolou-se, e bateu Schmeichel."
Descrição do golo por O Jogo: "O combativo médio portista (Frasco) levantou a cabeça e (nem sempre foi assim) não perdeu tempo. Juary estava perto, como que a pedir a bola. Ela chegou-lhe bem na hora. "Velocidade de ponta", o defensor contrário a ficar pelo caminho, e o brasileiro das Antas, já dentro da grande área, sobre o flanco direito, a concluir o sprint com um disparo colocadíssimo, a fazer entrar a bola, como uma flecha, pelo buraco da agulha. De nada valeu o mergulho tardio de Schmeichel. Acabava praticamente aí o jogo."
Descrição do golo por A Bola: "Excelente abertura de Frasco, solicitando Juary, o qual, após sprint pela direita, disparou rente à relva entre o corpo do guarda-redes e o poste esquerdo."

Relato do golo, na voz de Gomes Amaro (Rádio Porto):


Para os menos familiarizados com o futebolês do Gomes Amaro, o texto do relato: "Roubando bem a carteira o número sete Frasco, olha que bela fuga para Juary, invadiu a grande-área, olhou para o goleiro, fuzilou... é GOL! GOOOOOOOOLLL... do Porto! Juary! Juary, camisa 13, no barbante, no barbante de Schmeichel! Balança barbante, balança a rede balança, o marcador avança, o cronómetro-electrónico estava em cima dos 25, Juary, Juary perelepe, lançamento extraordinário desta vez de Frasco, entrou pelo miolo, chamou o goleirão, escolheu o canto, bateu por baixo, no barbante amarelo-e-azul, Juary... Juary pondo o empate no marcador, como é que fica Schmeichel? Vai lá, vai lá, vailá!"

Títulos dos jornais desportivos:

O Jogo – 19/03
Título de primeira página: "SALVÉ FC PORTO!"
Sub-título: Belo golo de Juary coloca campeões nas "meias"
Título do texto: Juary: "seta" envenenada

Record – 20/03
Título de primeira página: "Casagrande no hospital: Qualificação do FC Porto aliviou-me as dores".
Título do texto: Era um crime não aproveitar esta oportunidade de fazer história.
"Como jogaram os portistas: Mlynarczyck, André e Juary – a classe além da combatividade."

A Bola – 19/03
Títulos de primeira página: "FC PORTO entre os quatro "maiores" da Europa; "Juary – Mais uma vez a "arma secreta" do campeão nacional"
Título do texto: "Golaço" de Juary conseguiu travar um verdadeiro vendaval escandinavo (... e serviu de prémio, não à perturbada exibição portista, mas à forma briosa como a equipa portuguesa se bateu)"
"Como jogou o FC Porto: Mlynarczyck, Juary e Futre – os principais obreiros da qualificação. (um golo consentido, que tudo complicou, e um golo feliz, que colocou os portistas nas meias-finais da prova)"

Enviados-especiais:

Rui Martins, de O Jogo: "Qual crise? Em Copenhaga, o FC Porto foi igual a si próprio: soube ser humilde, não acusou o golo sofrido, reagiu com personalidade e revelou-se uma equipa de marca europeia."

"Futre fez jus ao epíteto de "perigo público" com que o rotularam os jornalistas dinamarqueses, ora pela esquerda ora pela direita, criando espaços, fintando, inventando."

Santos Costa, do Record: "Logo no início o árbitro apostou em intimidar o FC Porto e o amarelo saltou logo no primeiro minuto, quando, com cara de poucos amigos, colocou a cartolina à frente dos olhos de Frasco".


Declarações dos intervenientes:

Artur Jorge: "Julgo que ninguém ficou com dúvidas quanto à nossa superioridade"; "FC Porto nas meias-finais não é uma vitória minha, mas uma vitória de todo o clube"; "Provámos que é necessário ser uma equipa experiente para eliminar adversários deste tipo. Experiência e rigor táctico são fundamentais nestas ocasiões e a nossa equipa provou-o".

Pinto da Costa: "A um passo da final..."; "Serve qualquer adversário. Que venha o diabo e que escolha"; "Aqueles que têm pretensão em destruir o nosso trabalho, terão ficado desiludidos com esta bela exibição do FC Porto. Precisamos agora do máximo apoio do público, porque temos uma grande oportunidade de estarmos presentes na final."

Juary: "Só quando vi a bola entrar, acreditei que era golo. Até me aperceber disso, fiquei parado. Depois explodi de alegria."; "Corremos que nem uns cabritos. Nesta altura de alegria não me quero esquecer dos meus compnaheiros que ficaram em Portugal, e que, de longe, certamente torceram por nós

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