QUARESMA E PAULO ASSUNÇÃO- SER GENIAL OU SER UM GÉNIO
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Um dia assisti fascinado a um daqueles documentários deliciosos sobre a corrida espacial, nos anos 60, entre os Estados Unidos e a União Soviética e sobre os inúmeros desafios que os cientistas dos dois lados da cortina de ferro tiveram que ultrapassar para colocar o Homem no espaço. Um pormenor particularmente delicioso tinha a ver com os milhões gastos pelos americanos no desenvolvimento de uma caneta que permitisse aos astronautas tomar notas em condições de gravidade zero, onde as canetas normais não funcionam. Foram realizados testes exaustivos, sob as mais rigorosas medidas de segurança, com as mais diversas e imaginativas soluções até se chegar ao instrumento de escrita perfeito: uma esferográfica com tinta sólida, pressurizada com nitrogénio, capaz de escrever em quaisquer condições de gravidade, um verdadeiro triunfo de tecnologia e engenharia. Os russos, que tiveram que ultrapassar o mesmo problema, usavam lápis. Às vezes, a simplicidade é mesmo o caminho mais curto para o verdadeiro génio.
E é por isso que Paulo Assunção é um jogador genial. Porque tem a inteligência de não se deixar cair na tentação de procurar uma solução complicada para um problema simples, mas também por reconhecer que algumas complicações são a forma mais simples de resolver alguns problemas. Uma finta de Quaresma, por exemplo, pode ser a forma mais simples de resolver um jogo. Ora, entre a simplicidade de Paulo Assunção e as complicações de Quaresma, não há uma escolha óbvia. São ambos geniais.
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