À segunda... é de vez
Esta não foi a primeira vez que Co Adriaanse pediu a demissão do cargo de treinador do FC Porto. Na última temporada, na sequência do empate com o Rio Ave em Vila do Conde, o técnico portista foi alvo de um ataque por parte de um grupo de adeptos portistas descontentes com os resultados da equipa, durante o qual foram arremessados alguns "very-lights" contra o automóvel onde seguia. O técnico chegou a apresentar a demissão, mas a mesma não foi aceite por Pinto da Costa que assegurou todo o apoio da Direcção à equipa técnica. Expirou ontem.
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O técnico holandês apresentou o pedido de demissão à SAD portista, que comunicou o facto à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários ao início da tarde, sem esclarecer se o pedido foi ou não aceite. O técnico, bem como os seus adjuntos holandeses, ficaram para já na Holanda, deslocando-se a Portugal no final da semana para discutirem com Pinto da Costa os termos da rescisão. De qualquer forma, nesta altura é seguro afirmar que terá chegado ao fim uma ligação de pouco mais de um ano que valeu o regresso do FC Porto aos títulos, com a conquista do campeonato e da Taça de Portugal, e que assegurou também a conquista dos primeiros troféus da carreira ao técnico holandês. Apesar do desencontro de opiniões e da erosão da relação entre Co Adriaanse e Pinto da Costa que marcou os últimos tempos, a propósito da contratação de um avançado, nada fazia prever a saída do técnico holandês numa altura em que falta pouco mais de uma semana para o início oficial da temporada portista, com a disputa da Supertaça de Portugal com o Vitória de Setúbal em Leiria.
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Má disposição ao jantar
De acordo com a imprensa holandesa de ontem, Adriaanse terá alegado "falta de confiança" por parte dos responsáveis portistas no seu trabalho, o que teria culminado numa situação "insustentável" para o técnico. Ora, apesar da novela em torno da contratação de Hesselink ter servido claramente para criar alguma tensão entre a equipa técnica e a direcção do clube, a gota de água definitiva terá sido acrescentada ao copo no final do jogo com o Rijnsburgse. O treinador não gostou da atitude da equipa em mais uma partida com uma equipa amadora, decidindo que os jogadores só poderiam jantar depois dos técnicos terminarem a refeição. Contudo, a mensagem não terá sido completamente percebida pelos jogadores, que recolheram aos quartos sem jantar. Convém referir que o clima entre o técnico e os jogadores também se deteriorou durante os últimos dias, com as exigências do treinador a nível do espectáculo e dos golos a colidirem com o esforço realizado durante os treinos. De qualquer forma, o técnico ter-se-á sentido desrespeitado pelos jogadores e desapoiado por parte da direcção do clube e depois de uma conversa telefónica com Pinto da Costa, apresentou a demissão, facto que foi comunicado aos jogadores durante a manhã de ontem.
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Despedidas pela manhã
Co Adriaanse despediu-se dos jogadores bem cedo durante a manhã, ainda no hotel em que a equipa se encontrava hospedada depois da participação no Torneio de Amesterdão. Nem Adriaanse, nem os seus adjuntos holandeses, Jan Olde Riekink, Will Coort e Chris Kronshorst, seguiram com a restante comitiva para Inglaterra onde o FC Porto tem agendados mais dois jogos de preparação contra o Portsmouth e o Manchester City. Para já, e de forma provisória, será Rui Barros a assegurar a orientação da equipa durante a estadia em Inglaterra e enquanto os dirigentes portistas procuram um sucessor para Adriaanse.
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Co Adriaanse sai do FC Porto pouco mais de um ano depois de ter chegado para disciplinar a equipa e devolvê-la aos triunfos. Parte do dever foi cumprido, mas sempre com muita polémica à mistura. É certo que dominou as competições internas, porém foi humilhado na Liga dos Campeões pelo Artmedia e não conseguiu vencer um jogo ao Glasgow Rangers. A relação com a Imprensa e os adeptos também não foi pacífica e, nos últimos tempos, extremou posições com a direcção do clube, sobretudo com Pinto da Costa, por causa de Vennegoor of Hesselink.
Mantendo sempre um estilo polémico e frontal, o holandês levou a água ao seu moinho, conquistando o 21º título do FC Porto, juntando-lhe a Taça de Portugal, mas falhou na promessa de futebol espectáculo e no número de golos marcados. Iniciou a época a jogar com quatro defesas e só após a surpreendente derrota na Reboleira é que decidiu, finalmente, colocar em prática o "seu" revolucionário sistema táctico de apenas três homens no sector mais recuado. A equipa primeiro estranhou, mas acabou por adaptar-se muito por culpa de Pepe e Paulo Assunção, dois elementos fundamentais no xadrez.
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Na sequência de um empate em Vila do Conde viveu o momento mais negro da passagem por Portugal quando foi vítima de uma ataque à porta do Olival. Na altura, chegou a ponderar a hipótese de abandonar o barco, mas Pinto da Costa e a restante direcção defenderam-no intransigentemente e acabou por ficar. O balanço desportivo interno é amplamente favorável, tendo perdido apenas três jogos. Contudo, os adeptos não gostaram nada do facto de só ter ganho um dos cinco clássicos disputados e, sobretudo, de ter perdido duas vezes diante do arqui-rival Benfica. Na Europa, o FC Porto decepcionou. Venceu apenas um dos seis jogos disputados na fase de grupos da Liga dos Campeões, perdeu em casa frente aos desconhecidos Artmedia e, pior de tudo, ficou em último lugar, falhando o apuramento para a Taça UEFA. Pelo meio, ainda afastou da equipa Hélder Postiga e, sobretudo, Jorge Costa...
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Depois da repentina saída de Co Adriaanse do comando técnico do FC Porto, Rui Barros passou a ter a responsabilidade de liderar a equipa portista durante esta mini-digressão que os dragões vão realizar em Inglaterra. O anterior adjunto assumiu ontem o cargo de treinador principal - ainda que de forma transitória - e hoje vai orientar, pela primeira vez na sua carreira, a equipa principal do FC Porto, num jogo de preparação frente aos ingleses do Porstmouth. Será uma estreia no papel principal, depois de vários anos passados na sombra: primeiro foi adjunto no curto reinado de Del Neri e depois de Co Adriaanse. Antes desses dois períodos passou pelo gabinete de prospecção do clube, onde tinha a seu cargo a visualização de vários jogos, sempre com o objectivo de descobrir novos talentos ou de espiar adversários. No entanto, ontem chegou a vez de liderar a comitiva azul e branca, primeiro na viagem entre a Holanda e Inglaterra, e depois no treino vespertino, realizado no estádio do Portsmouth, onde hoje se vai realizar mais um jogo de pré-temporada, o primeiro sem Adriaanse. E na primeira vez como treinador principal, Rui Barros teve uma postura consentânea com a sua maneira de ser: conversou com os jogadores, explicou-lhe o que pretendia do treino e passou à acção, mas sempre de uma forma muito sóbria. Depois de um breve aquecimento, orientado por António Dias - antigo recuperador físico da equipa técnica de Co Adriaanse, que se encontra agora a coadjuvar Rui Barros -, o agora treinador principal organizou um jogo a meio-campo entre os 22 jogadores disponíveis. Resultado: manteve-se a entrega e boa disposição, mesmo num dia diferente no reino do Dragão.
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Treinador vs presidente
"Penso que ele não será jogador do FC Porto"
"O treinador gostaria de poder contar com mais um avançado, que seria o Hesselink, mas neste momento as possibilidades dele vir são diminutas"
"Não podemos hipotecar o equilíbrio financeiro do clube para termos um determinado jogador"
pinto da costa 12-07-2006
"Não estou satisfeito com o número de golos que marcamos"
co adriaanse 14-07-2006
"Estou à espera de um jogador que marque golos facilmente e Hesselink é possível. Pelo menos espero que sim"
co adriaanse 18-07-2006
"Estou satisfeito com a minha equipa mas se puder melhorá-la com alguém que marque golos facilmente, vou fazê-lo. Por isso pedi um avançado"
co adriaanse 20-07-2006
"A venda de McCarthy paga uma perna de Hesselink"
"O FC Porto não pode comprar um jogador por oito milhões de euros"
pinto da costa 22-07-2006
"eu quero o Hesselink porque tive oportunidade de sentir as dificuldades que tivemos na última temporada para marcar golos"
"é um grande avançado, capaz de marcar golos de uma forma simples"
Co adriaanse 25-07-2006
"o treinador mostrou vontade em ter Hesselink, mas não foi possível"
"não vamos contratar ninguém"
pinto da costa 27-07-2006
"claro que continuo à espera de um avançado"
co adriaanse 30-07-2006
"Queremos um avançado mas teremos que ser criativos"
co adriaanse 03-08-2006
"Se pudesse era ainda mais ambicioso que o treinador"
pinto da costa 04-08-2006
"Se não comprarmos um avançado continuaremos a jogar bonito e a perder"
co adriaanse 05-08-2006
"Hesselink, por oito milhoes de euros, nem pensar"
pinto da costa 06-08-2006
"Avançado? Estou a perder a esperança"
co adriaanse 08-08-2006
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